segunda-feira, 14 de abril de 2008

"Precisamos entender o que as pessoas querem, antes mesmo que elas digam" - entrevista com Ricardo Montenegro

Poucos jovens têm convicção da carreira que querem seguir na hora de prestar vestibular. Este, no entanto, não foi um problema para o estudante Ricardo Montenegro. Com 21 anos e a apenas alguns meses de concluir a faculdade, Ricardo já sabia desde criança que “Publicidade e Propaganda” seria o curso que iria lhe acompanhar pelo resto de sua vida. Num bate–papo via e–mail, Ricardo fala sobre o mercado da publicidade no Brasil, a importância da formação universitária e o que um publicitário precisa ter para ser bom em seu segmento.

* Jurandir Maciel, presidente do Sindicato dos Publicitários do Rio Grande do Sul, disse certa vez que "os melhores publicitários brasileiros não têm diploma de publicidade". Você concorda com essa afirmação?
É verdade, publicitários como Nizan Guanaes e Duda Mendonça não possuem diploma universitário. Mas temos que levar em consideração a época em que eles começaram suas carreiras. Não havia tantas teorias e cursos na área como há hoje. Quando aparece um campo novo e pouco explorado, é preciso que haja alguém talentoso o suficiente para dar o primeiro passo. O que seria da Medicina se Hipócrates não tivesse "metido as caras"? Mas, não acho legal esse tipo de insinuação, pois desmerece jovens, como eu, que estão começando agora e procuram, dar o melhor de si na publicidade. E ai eu pergunto: Há outra forma de se começar hoje em dia, sem que tenhamos um diploma ou sejamos conhecidos de alguém bastante influente?

* A universidade é importante em que aspecto?
A universidade agrega valores e ensina fundamentos teóricos que esclarecem muitas coisas que, talvez, demorasse muito tempo para serem adquiridos somente com a prática. Porém, acho que a prática é mais importante do que a teoria, nessa área principalmente. O ideal seria aliar os dois.

* E como é o curso de Publicidade e Propaganda? Existe a prática efetiva dentro da faculdade?
Durante o curso, somos colocados sempre em contato com a realidade, para buscar casos reais que possamos resolver. A parte teórica também é importante e, mais à frente, pode fazer a diferença. Mas, o que nos faz realmente entender como o universo publicitário funciona, é uma agência. Esta é nossa verdadeira escola.

* Alguns especialistas acreditam que o mercado publicitário brasileiro anda muito frágil e os bons tempos estão prestes a declinar. O que você acha disso?
Eu discordo. Acho que houve sim um declínio nas novas formas de se fazer propaganda, mas já está se tomando providências. O mercado elevou seu faturamento em 2007, comparado ao ano anterior, e segue firme e forte.

*E como anda o mercado publicitário na Bahia hoje?
O mercado baiano ainda é restrito, não há muito investimento em propaganda. E as agências locais são as grandes culpadas pelo receio que os empresários têm em investir na comunicação publicitária. Ao invés de se preocuparem em dar resultado, algumas agências preferem empurrar mídias caras, como o outdoor e o jornal, sem se preocupar realmente com os resultados dos anunciantes - que deveria sempre estar em primeiro plano. O importante não é aparecer a qualquer custo, e sim, aparecer da maneira certa, no lugar certo e para as pessoas certas.

* Foi abordada recentemente, no blog, a questão das restrições do Conar em relação às campanhas de cerveja. Como você enxerga a atuação do Conar para o meio?
Não condeno a atuação do Conar, acho que precisa haver órgãos fiscalizadores em qualquer lugar. Até porque não se deve liberar geral, senão vira bagunça.

* Quando a publicidade é anti-ética?
Essa questão é bastante relativa. O principal na propaganda é você sensibilizar as pessoas, passar de forma clara o produto, sem ofender as pessoas ou ideologias de forma esdrúxula. O importante é ter criatividade e princípios para isso.

* O que um publicitário precisa ter para ser bom, em seu segmento?
Como um iniciante nessa área, eu diria que o importante é não ficar parado, é ir atrás de coisas novas, ler o máximo que puder, seja anúncios, livros, revistas, ou qualquer material que enriqueça a forma de agir e pensar.Precisamos entender de tudo, saber o que está acontecendo no mundo, falar com todo tipo de gente, das mais diversas culturas e procurar sempre entender o que se passa na cabeça das pessoas... Precisamos entender o que elas querem, antes mesmo que elas digam.

* Quem são os maiores publicitários brasileiros?
No Brasil tem inúmeros publicitários brilhantes. Mas eu tenho uma admiração muito grande pelo Washington Olivetto e pelo Roberto Dualib, talvez por serem redatores, área em que atuo. Eles têm sacadas muito raras. Os outros publicitários que não citei aqui, estão bem representados por eles dois. #

Confira abaixo dois vídeos de autoria de Ricardo Montenegro.

VIOLÊNCIA URBANA


JEITINHO BRASILEIRO

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