quinta-feira, 3 de abril de 2008

A fórmula mágica das propagandas de cerveja

Mulheres gostosas, pouca roupa, curtição, azaração. E, no final, claro, aquela zoadinha: “tsshhh”... A latinha, ou a garrafa, abrindo. Por que será que as propagandas de cerveja são todas iguais?

A resposta é óbvia: porque essa é a fórmula que dá certo, que funciona. Depois que os publicitários perceberam que o consumo de cerveja está intimamente ligado ao gênero masculino, não teve pra ninguém. Eles passaram a jogar com artifícios do próprio universo dos homens e começaram a explorar imagens de mulheres seminuas e de jogadores de futebol. Os consumidores de cerveja, então, passaram a se identificar com o produto, pois as gostosonas que apareciam nas propagandas representavam o ideal de mulher que os homens gostariam de ter (ou pelo menos, “pegar”), e os jogadores e artistas bem-sucedidos revelavam os homens que eles próprios gostariam de ser.


Mas em pouco tempo começaram os problemas. Movimentos feministas e religiosos deram início a uma enxurrada de processos contra as marcas de cervejas que, a cada nova campanha, banalizavam mais a imagem da mulher. Pais desesperados começaram a reclamar que as propagandas estavam influenciando seus filhos a consumir cerveja cada vez mais cedo. Acidentes no trânsito, ligados à ingestão do alcoól, intensificaram-se. E, por aí vai.

O Conar, Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária, teve que intervir, pois as propagandas (que faziam cada vez mais sucesso) estavam se tornando cada vez mais politicamente incorretas.

As restrições para as propagandas de bebidas alcoólicas mudam com freqüência, mas todas visam evitar que o governo proíba a veiculação das mesmas. Conforme nota do post anterior, a partir do dia 10 de setembro deste ano, novas normas reguladoras entrarão em vigência.

Entre essas regras, muitas são de proteção à criança e ao adolescente. Será proibido, por exemplo:
*a veiculação de imagem de qualquer pessoa que tenha, ou pareça ter menos de 25 anos de idade;
*a utilização de linguagem, recursos gráficos ou audiovisuais pertencentes ao universo infantil (como o sirizinho da Brahma, que fez sucesso entre as crianças com o bordão “Na-nã-nã-nã”).

A preocupação com a responsabilidade social também está presente nas novas regras. A publicidade não deverá induzir, de forma alguma, ao consumo exagerado ou irresponsável da bebida. As propagandas:
* não poderão conter cena, ilustração, áudio ou vídeo que apresente ou sugira a ingestão do produto;
* modelos publicitários não podem mais ser tratados como objeto sexual;
* não serão empregados argumentos ou apresentadas situações que tornem o consumo do produto um desafio, nem tampouco desvalorizem aqueles que não bebam;
* não será permitido utilizar uniforme de esporte olímpico como suporte à divulgação da marca.

Mas, entre todas as normas, a que mais chama atenção é a cláusula de advertência (do tipo: "evite o consumo exagerado de álcool", "beba com moderação", "aprecie com moderação") que vai passar a ser obrigatória em todos os anúncios, seja qual for o veículo.

Bom, o fato é que, depois de todas essas restrições, os publicitários vão ter que quebrar as cabeças para descobrir uma nova fórmula mágica que seduzam os consumidores alvo da cerveja...

Saiba mais:
Leia artigo: Propaganda, cerveja & Conar
Assista propagandas de cerveja nacionais e internacionais
Confira as propagandas de tv da Skol.
Leia Observatório da Imprensa sobre propagandas de cerveja e o público infantil

Nenhum comentário: